3 de out. de 2011

A revolução da rotogravura

A rotogravura, o processo desenvolvido pelo austríaco Karl Klic em 1860, foi a grande revolução na produção de jornais e em especial revistas, desde a invenção do cilindro e o seu uso nas tipografias. A sua introdução no Brasil em finais da década de 20 representou inicialmente a possibilidade de imprimir frente e verso em altas velocidades e resultou numa qualidade de impressão uniforme; esse o grande diferencial em relação aos processos de impressão em off-set com rotativas Marinoni que vigorava na grande imprensa da época. Mas o invento de Klic de fato revolucionou a reprodução de imagens, em especial fotografias, em revistas. Klic que era fotógrafo apostou na espessura da tinta para obter imagens em todos seus pormenores e valores tonais.

 No Brasil, quase nada sabemos, da introdução desta técnica de impressão, mas tudo indica que tenha sido em 1.928, segundo algumas evidências que aqui transcrevemos: "O Cruzeiro que inaugurou a rotogravura na imprensa ilustrada nacional, e que serviu de campo experimental da rotogravura no Brasil, inaugurará em breve a rotogravura a cores para o que já tem montada em suas novas oficinas a gigante rotativa de cinco unidades adquirida na Alemanha." A nota acima, publicada na edição da revista de 20/12/30 afiança o pioneirismo do magazine semanal, então dirigido por Carlos Malheiro Dias, propriedade de Assis Chateaubriand.

Não existia no país


Mais adiante o editorialista esclarece o sentido da rotogravura a cores que então denominava de cromo-rotogravura. Referia-se provavelmente ao mesmo equipamento que Fernando Morais em seu livro "Chatô,

O Rei do Brasil" diz ter sido encomendado pelo diretor dos Diários Associados à importadora Oscar Flues & Companhia e cujo uso não era exclusividade do O Cruzeiro, mas também para "imprimir suplementos coloridos de seus jornais do Rio, São Paulo e Minas Gerais". Morais relata ainda que em 1928 Chateaubriand imaginara imprimir a revista, não no Rio de Janeiro, mas em Buenos Aires, pois queria que fosse pelo moderno sistema de rotogravura e este não existia no Brasil.

Não há dúvidas que O Cruzeiro tenha sido o pioneiro a utilizar este processo de impressão. Mas, somente entre as revistas, vale a ressalva. A Revista da Semana e O Malho, por exemplo, eram impressos em off-set e segundo Accioly Neto no livro "O Império do Papel. Os Bastidores de O Cruzeiro" para a aquisição da rotoplana e mais seis linotipos, caixas de tipos avulsos, duas grampeadoras e outras traquitanas, Chateaubriand teria recorrido a um empréstimo do Banco do Brasil. Ma há indícios de outros veículos  (não revistas) terem usado este sistema de impressão antes. Ademar A. de Paula e Mario Carramillo Neto no livro "Artes Gráficas no Brasil. Registros 1746-1941" asseguram que a rotogravura ou heliogravura chegou ao Brasil por intermédio de O Estado de São Paulo na década de 20 quando da importação de uma moderna Marinoni para impressão em letterpress: "Junto com a rotativa veio uma unidade de impressão rotográfica, com a qual O Estado iniciou a impressão, primeiramente de duas páginas em rotogravura, que variavam de cor a cada semana. A primeira edição dessas duas páginas saiu no dia 17 de maio de 1928″.

Número de unidades

Ou seja, podemos concluir que a rotogravura chegou no Brasil em 1928, pois é nesse ano que o Estado teria importado uma unidade e nesse ano também circulava (em dezembro) o primeiro número de O Cruzeiro. Mas, há nos relatos uma diferença fundamental que esclarece em parte as dúvidas em torno do verdadeiro pioneirismo editorial. Fica claro que o jornal paulistano adquirira apenas uma unidade (daí a limitação das duas páginas do suplemento referidas) enquanto a gráfica de O Cruzeiro um sistema (com cinco unidades) capaz de imprimir integralmente uma revista de 64 páginas.

A rotogravura revolucionava as artes gráficas pela qualidade de impressão e  conseqüentemente nitidez das imagens e ainda favorecia grandes tiragens. Logo, logo (1931) A Gazeta adquiria um sistema semelhante para imprimir os seus suplementos: A Gazeta Ilustrada e A Gazeta Juvenil. Doravante todas as grandes revistas brasileiras aderiam ao sistema que, então, lhes possibilitava imprimir todas as cores numa única passagem de máquina.

Fonte: Nelson Cadena (Portal da Imprensa)

Equipe: Amanda Nóbrega, Juliana Gomes, Marília Muniz, Marcos José, Paulo Uchôa e Rafaela Queiroz

Orientação: José Carlos de Mélo

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